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sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Minorulandia: A Ilha

A Ilha

Nos despedir é diferente. Não sei... O Homem não foi educado para despedidas. Se despedir de alguém é complicado. É interessante. Hoje eu estou me despedindo de umas 200 pessoas, as quais passaram quase um mês comigo –cada uma com segmentos maiores ou menores de presença-.


Estou neste momento sentado num lugar alto. Lá embaixo uns choram. Lá embaixo alguns riem e choram. Há aqueles que cantam alto e fingem encarar com destreza tudo isso. Outros agora também choram aqui a minha esquerda. Alguém ao fundo também, assim como eu, observa. Aquele não chora.
Ao mesmo tempo que me despeço, outros que vieram buscar estes que me deixam, sentem exatamente o oposto de mim. Mas estamos a apenas alguns metros de distância. Percebo também que alguns irão sozinhos, o que deixa tudo muito mais pesado. Pior que a saudade é não ter saudade. Alguns aqui nunca mais se reencontrarão. E eu sei por experiência no lugar cá onde estou. Nunca mais. Mas ainda assim trocam contatos em vão.

Malas coloridas e volumosos embalos talvez de cobertores vão inundando o local outrora de encontro. Eu observo de cima. Desconcertado eu observo de cima. Do alto de uma escada escondida. Que confusão por dentro. Não sei se rio com os que riem o reencontro ou brado o soluço calado dos que vão. Definitivamente eu não fui adestrado às despedidas. Elas caem como um “ré bemol” em um acorde de “dó 7M”.

Uma música de fundo começou agora a ser tocada talvez para mascarar o desconforto. Alguém ao microfone graceja e relembra acontecimentos engraçados dos dias aqui. Colorem então, de rosa as bochechas dos sujeitos citados. São piadinhas assim que vez ou outra me dão folego. Tão breve quanto o meu ponteiro mais fino eu rio. O ligeiro tumulto é o testemunho da não vontade de ir.

Já me perguntaram (os que me veem com o computador sobre as pernas) se trata-se de mais um post isto que digito. Prometeram checar Minorulandia ao chegarem.

Gosto da Ilha. Como qualquer alienação ela faz mal em excesso, mas eu gosto da Ilha.

Desculpe, mas vou parar de escrever. Estou perdendo os detalhes.

Tetelestai

Texto extraído da Minorulandia

Um comentário:

  1. Texto maravilhoso, sem comentários de momentos que me fizeram lembrar. A tristeza da despedida e a esperança de um próximo encontro. E um dia, quem sabe, aprenderei a dizer adeus.

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